Debate Online sobre Coordenação Pedagógica
Luísa França nov 30, 2016

Debate Online sobre Coordenação Pedagógica: boas práticas e desafios para 2017

No dia 29/11, promovemos um debate online sobre coordenação pedagógica, com o objetivo de compartilhar boas práticas e refletir sobre os desafios para o próximo ano. O sucesso de uma escola é muito dependente do bom trabalho do Coordenador Pedagógico, uma vez que representa o elo entre as diferentes figuras em uma escola: alunos, professores, diretores, pais e familiares.

Convidamos então quatro Coordenadores de escolas parceiras do AppProva, para compartilhar suas experiências através desse debate online que contou com a participação ao vivo, com perguntas e comentários, de educadores de todo o Brasil.

Confira abaixo a gravação do evento na íntegra, juntamente com as principais falas e aprendizados em forma de texto:

Apresentação dos participantes

(00:00 até 03:39)

Vanessa França

Coordenadora de Ensino do 9º ano/EF e do EM do Colégio Santa Maria Pampulha – Belo Horizonte/MG

» Graduada em Bióloga pela PUC Minas,
» Pós-graduada em Metodologia do Ensino Superior pelo CEPEMG
» Mestrado em Imunologia pela UFMG.

Sara Teixeira

Coordenadora do Colégio Magnum – Belo Horizonte/MG

» Graduada em Pedagogia com ênfase em Orientação, Supervisão Escolar e Inspeção Escolar
» Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional
» Pós-graduada em Gestão da Sala de Aula
» Pós-graduada em Supervisão Escolar

Maria José Gonçalves Coelho

Coordenadora do Colégio Padre Eustáquio – Belo Horizonte/MG

» Graduada em Psicologia pela UFMG
» Graduada em Pedagogia pela Faculdade Newton Paiva
» Graduada em Psicopedagogia pela Universidade Fumec

Rodrigo Mourão

Supervisor Pedagógico de Segmento – Ensino Médio / Colégio Santo Agostinho – Unidade Contagem/MG

» Graduado em Engenharia Elétrica e Telecomunicações pela PUC Minas
» Pós-Graduado em Gestão de Escolas pela PUC Minas
» Pós-Graduado em Gestão de Projetos pela Fundação Dom Cabral
» Pós-Graduado em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas
» Master Professional Degree em Estratégia Empresarial e Inovação pela Fundação Dom Cabral / PUC Minas

1ª Pergunta: Como você faz para organizar seu tempo considerando todas as figuras (alunos, professores, diretores, pais e familiares) com as quais lida no dia-a-dia escolar? Quais as boas práticas para tratar com cada um deles?

(03:40 até 16:40)

Sara:

O papel do Coordenador em si já possui grandes desafios uma vez que acaba assumindo uma série de funções dentro do cargo.

No Colégio Magnum, a cada duas séries existem dois coordenadores, um deles cuida especificamente do Ensino – material didático, acompanhamento de professores, qualidade das aulas, entre outras atividades – e o outro cuida mais diretamente do acompanhamento dos alunos e atendimento aos familiares. Isso porém, não significa que um Coordenador não possa realizar e ajudar na atividade do outro, como por exemplo o Coordenador de Ensino fazer o atendimento aos pais, mas sim, garante um foco para que o trabalho de ambos seja mais assertivo.

A Sara trabalha como Coordenadora de Ensino, focando principalmente na qualidade das aulas, formação continuada de professores e análise de desempenho nas avaliações internas e externas.

O Magnum possui uma forma de acompanhamento do desempenho através de dados. A análise é feita após cada prova, reunindo-se coordenador e professores para avaliar os resultados e planejar as ações, sempre baseando-se em dados.

Antigamente a Coordenação tinha a basicamente a função de organizar eventos e resolver problemas do dia a dia, o que sugava muita energia e não era muito efetivo. A ideia agora é acompanhar e dar suporte para os professores, ao invés de supervisionar e fiscalizar o trabalho deles.

Vanessa:

A palavra-chave para responder essa pergunta é: planejamento.

O planejamento é fundamental para organizar de maneira efetiva o tempo e ele deve ser pensado para ser flexível. Isso porque ele deve absorver os impactos dos imprevistos que certamente vão ocorrer no dia a dia das escolas.

Diferentemente do trabalho realizado no Magnum, ela é responsável por lidar com todas as figuras, acumulando mais funções. Com isso, separa seu tempo para atendimento aos pais de acordo com a demanda deles, reserva um dia para realizar atividades burocráticas, de análise e inteligência. Isso tudo já é pensado no momento de realizar o planejamento anual para diminuir os impactos dos imprevistos. O acompanhamento dos professores é realizado em dois momentos: atendimentos rápidos e diários nos intervalos de aulas e recreio, e por meio de reuniões gerais ou individuais com professores, nas quais são discutidas as análises estatísticas dos dados, evolução do trabalho e o desempenho dos alunos.

Maria José:

O seu trabalho como Coordenadora no Colégio Padre Eustáquio é parecido com o realizado pela Vanessa no Colégio Santa Maria. Além disso, existe também a figura do Coordenador de Segmento.

O tempo é organizado de acordo com o planejamento do ano e de acordo com o previsto no calendário escolar, adequando-se às demandas que vão surgindo fora do planejado. Essa organização é bem flexível, de modo que tudo vai sendo replanejado de acordo com os objetivos e prioridades da escola, que devem estar alinhados com todos os segmentos.

Rodrigo:

Toda sexta-feira realiza o planejamento da semana seguinte, baseando-se no calendário escolar e nas atividades já previstas. Sendo o responsável pelo Segmento de Ensino Médio no Colégio Santo Agostinho, possui três analistas de séries, um para cada série do ensino médio, que são responsáveis por trazer as demandas em termos de desempenho escolar para a supervisão.

Esses analistas atendem também às famílias e de certa forma, filtram as demandas que chegam para a supervisão. Entretanto, nada impede que as famílias tratem de qualquer assunto diretamente com a supervisão ou com a gerência.

Em relação ao monitoramento de dados, em épocas específicas como blocos de provas e fechamento de etapas o levantamento e a análise são feitos por meio de indicadores.

Todos convergiram em relação à necessidade de um bom planejamento:

“Mesmo planejando bem o que se vai fazer ao longo do ano, mês, semana, imprevistos ainda assim acontecem e prejudicam. Com falta de planejamento, então, fica impossível lidar com eles.”

Principais aprendizados:

» Planejamento é fundamental
» O time do Coordenador na escola é fundamental para se alcançar os objetivos
» O Coordenador exerce o papel de líder para sua equipe

2ª Pergunta: Considerando que existem vários alunos sob o seu cuidado, como fazer para medir e acompanhar o desempenho em busca da melhoria contínua?

(16:41 até 33:22)

Rodrigo:

A escola possui uma parte da formação que é a humana e outra que é acadêmica. A parte de formação humana é difícil de se medir e acompanhar de maneira objetiva. Por outro lado, é possível medir e acompanhar a evolução da parte acadêmica. No Santo Agostinho os estudantes são classificados por faixas de desempenho e, a partir disso, monitora-se quantos e quais alunos perderam média ou melhoraram o desempenho. Isso possibilita um acompanhamento aluno a aluno, verificando se existe alguma dificuldade cognitiva, fazendo planos de estudos e intervenções pedagógicas direcionadas.

Especificamente em relação à 3ª série, nós utilizamos o AppProva para fazer o monitoramento das habilidades e conteúdos do Enem e Vestibulares, através dos simulados com correção TRI. Esses dados permitem a comparação interna dos alunos e a comparação com alunos de outras escolas agostinianas parceiras do AppProva.

Além disso, a supervisão tem uma prática de apresentar notas TRI dos simulados de alguns alunos, com o devido consentimento, para toda a 3ª série no auditório no seguinte formato:

“Hoje, com essa nota que tirou no simulado, esse aluno conseguiria ser aprovado em qual curso da UFMG?” (caso para criar identificação nos alunos).

Em seguida, a supervisão abre para que todos os alunos interessados os procurem para verificar individualmente essa informação. Essa prática se mostrou bastante efetiva uma vez que desperta o interesse e motiva os alunos a melhorar e a se desenvolverem mais para alcançar seus objetivos.

Maria José:

O trabalho é feito analisando-se dados gerados por meio de avaliações internas, realizadas pelos próprios professores, avaliações externas e também através dos simulados do AppProva.

Nesse aspecto, o professor é uma peça fundamental, pois com os dados na mão, começamos a levantar hipóteses sobre os motivos que levaram os alunos a terem resultados bons ou ruins e o que podemos fazer de maneira conjunta para melhorá-los. Também trabalhamos com a questão das faixas de desempenho dos alunos, definindo não só o que fazer para que os alunos que estão abaixo da média possam melhorar o desempenho, mas também o que fazer para que os alunos que estão na média possam subir a régua e melhorar seu desempenho, subindo de faixa.

“Vivemos numa sociedade em que temos a cultura do 60%, ou seja, estamos confortáveis com a média. O estudante poderia melhorar muito mais seu desempenho, mas acaba se acomodando nessa faixa”

Existe também um projeto que é considerado a menina dos olhos para Maria José e para o Colégio Padre Eustáquio. É um projeto que se inicia na 1ª série do ensino médio, se intensifica na 3ª série e é focado no projeto de vida do jovem. Por meio de reuniões e acompanhamentos individuas, o projeto busca entender qual o projeto de vida do jovem e o que ele pode fazer para alcançá-lo. Aproximando-se da realidade dos jovens, é possível mostrar que a escola vai fornecer as ferramentas e os meios para ele alcançar seus objetivos.

Sara:

A Sara compartilhou experiências que teve em termos de acompanhamento dos resultados de alunos. Os professores montam aulas específicas para alunos que estão tendo dificuldades e para os alunos que já são bons, para potencializar aquilo que o aluno gosta. Se o aluno gosta de química, por exemplo, ele tem a possibilidade de avançar e aprofundar nos conteúdos da disciplina.

O colégio também trabalha com avaliações externas, no caso três. Os dados gerados por essas avaliações possibilitam a identificação de habilidades “gap” de cada série, ou seja, algumas habilidades que estão defasadas para cada ano. Disso, iniciou-se um projeto em que cada professor era responsável por elaborar um plano de ação para trabalhar em sala de aula, com o objetivo de melhorar o desempenho da turma nessa habilidade específica. No fim do ciclo, outra avaliação é aplicada para medir a evolução do desempenho e, assim, os professores conseguem visualizar de forma clara o resultado de seu trabalho.

“90% das habilidades “gap” tiveram melhoria, alavancando o resultado dos alunos e motivando o trabalho dos professores”

Vanessa:

O trabalho é dividido em três etapas, contando também com avaliações internas e externas. O acompanhamento do relatório de notas é feito semanalmente pela Coordenação Pedagógica, identificando possibilidades de intervenção.

As práticas de intervenção são feitas em parceria com os pais e familiares, professores e alunos, que são chamados para discutir ações para melhoria do desempenho e para receber orientações de estudos. Existem também monitorias para os alunos que estão com desempenho abaixo da média.

A análise de dados é feita juntamente com os professores e com o auxilio do AppProva. Nesse momento, estão tentando criar o hábito nos professores de focar e trabalhar as habilidades que são mais falhas, identificadas através de simulados e atividades realizadas na plataforma. De qualquer forma, a análise já permite identificar o que está dando certo e que pode ser continuado, e aquilo que não está bom e deve ser mudado.

3ª Pergunta: Quais os seus principais desafios para 2017 e como você pensa em superá-los?

(33:23 até 43:45)

Sara:

Maior desafio:

Melhorar o acompanhamento de desempenho fazendo dessa equipe de acompanhamento um time bastante unido, integrado e que possui um mesmo objetivo.

Ainda não possui uma forma clara de como superar esse desafio.

Vanessa:

Maior desafio:

Aprimorar o tratamento dos dados para intervir assertivamente.

Pretende superar esse desafio despertando em todos o sentido de se fazer isso.

“Se nós, enquanto educadores, não conseguirmos mudar nossa mentalidade, a forma como enxergamos esses dados e realizamos intervenções a partir deles, não haverá mudança, e vamos apenas continuar a fazer por fazer”

Maria José:

Maior desafio:

Ser uma peça que favoreça a realização dos planejamentos da escola.

Buscar entender cada ver mais o jovem do século XXI, que aprende de forma diferente da que se aprendia no passado. Além disso, criar formas de tornar esse aprendizado significativo para o estudante, mostrando que aquilo que está aprendendo é realmente útil para sua vida.

Rodrigo:

Maior desafio:

Transformar a equipe do ensino médio para buscar um resultado comum, alinhado com todos os outros segmentos.
Fazer com que cada aluno consiga alcançar o máximo de si, de acordo com seu ritmo e sua forma de aprendizado.

Perguntas do público

(43:46 até 59:16)

Debate Online Coordenação Pedagógica: pergunta 1

» Depende de cada instituição
» A divisão nas quatro instituições é bastante clara e definida previamente
» A relação entre supervisão e coordenação ficou um pouco confusa ao longo do tempo. O papel do supervisor de inspecionar e fiscalizar ficou desgastado e hoje foi descaracterizado para uma figura que tem de funcionar como apoiador, facilitador e articulador.

Debate Online Coordenação Pedagógica: pergunta 2

“O profissional desse século tem de ser flexível, não pode ser linear, porém, a formação desse professor é linear!”

» Feedbacks periódicos que devem ser incluídos no planejamento anual
» Conversar abertamente com o professor para alinhar as expectativas
» O novo ensino médio vem aí, além de mudanças no Enem, logo, todos devemos estar preparados e abertos para lidar com as mudanças

Debate Online Coordenação Pedagógica: pergunta 3

» Ferramentas e aplicativos, como o próprio AppProva, ajudam muito a nos aproximar da realidade dos alunos. Por serem em formato de game, despertam o interesse e estimulam os alunos
» Falar a linguagem do aluno
» Planejamento de estudo para os alunos focados em desenvolver habilidades específicas
» Projetos vocacionais promovem um engajamento maior do aluno

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